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Ao mesmo tempo em que a demanda por madeira pinus cresce globalmente, a produção nacional está estagnada.
A situação já impacta preços e preocupa principalmente a indústria moveleira. “O mercado externo tem demandado mais e mais madeira. O plantio de pinus está concentrado no sul do País, região onde é mais difícil projetos de expansão, por concorrência da agricultura”, conta o diretor da consultoria Forest2Market do Brasil, Marcelo Schmid.De acordo com estudo realizado pela companhia, baseado na análise dos dados da Indústria Brasileira de Árvores (Ibá), a demanda por pinus cresceu cerca de 15,4% em quatro anos, enquanto a produção de toras se manteve praticamente estável no mesmo período. “Os preços já estão ficando maiores para as toras usadas para chapas de compensado, utilizado em móveis”, afirma Schmid.O levantamento da Forest2Market detectou um crescimento de quase 10% dos preços de toras de pinus no diâmetro 18 a 25 centímetros nos últimos quatro trimestres. As cotações do diâmetro de 25 a 35 cm também aumentaram: 20,8% desde o primeiro trimestre de 2015; mais da metade (11,4%) dessa majoração ocorreu nos últimos quatro trimestres. O presidente da Associação Gaúcha de Empresas Florestais (Ageflor), Diogo Leuck, explica que, por conta do desaquecimento da construção civil, houve uma queda do mercado moveleiro, o que desestimulou novas plantações. “Reduziu muito o consumo de madeira, chegou a cair 60%. Isso desestimulou os produtores, trouxe insegurança de plantar em novas áreas”, explica.O presidente do Sindicato das Indústrias de Celulose, Papel, Papelão, Embalagens e Artefatos de Papel, Papelão e Cortiça do Rio Grande do Sul (Sinpasul), Walter Christmann, conta que o problema afeta mais o mercado de painéis de madeira do que o de celulose. “A indústria de chapas de madeira não está produzindo. Já a celulose é autossustentável”.Leuck ressalta que, o corte para toras de diâmetro maior leva de 20 a 30 anos após o plantio, o que gera uma preocupação de falta de oferta em longo prazo. “Essa falta de estímulo atrapalha futuramente a qualidade para as serrarias. Vai haver demanda no futuro, mas o produtor fica inseguro de tomar a decisão de expandir”, diz, explicando que a madeira serrada – de maior valor agregado – representa 60% da produção de pinus.
Legislação ambiental Leuck destaca que outro fator limitante da expansão da produção é a insegurança jurídica causada por legislações ambientais estaduais. “Em alguns estados, há exigência de licenciamento do plantio de pinus, alegando alto potencial poluidor nesse tipo de cultivo. O mesmo tipo de burocracia não existe para nenhum outro tipo de produção agrícola, como cana e soja”, pondera.De acordo com as entidades, essa exigência é mais rígida nos estados do Rio Grande do Sul e Minas Gerais. “Em São Paulo, é necessário o licenciamento em novas áreas acima de mil hectares e Santa Catarina e Paraná exigem um cadastro. Isso gera uma disparidade de competitividade entre os estados”, avalia Leuck. Christmann afirma que a restrição impede que terras do Rio Grande do Sul que não teriam uso para agricultura fiquem ociosas. “Além disso, muitas ficam na clandestinidade, plantando sem licença e correndo risco.”O presidente da Ageflor conta que há um projeto de lei no senado para excluir a silvicultura do rol de atividades potencialmente poluidoras e utilizadoras de recursos ambientais. “Esse PL vai tentar trazer uma segurança jurídica ao setor. Até porque o impacto ambiental e a utilização de defensivos é bem menor do que em certas culturas agrícolas.”Par Leuck, todo esse quadro acaba fazendo com que a atividade perca espaço para a agricultura e pecuária. “O produtor olha para um mercado e não vê retomada, com no mínimo cinco anos para fazer o corte e cheio de burocracias. É natural que ele migre para a criação de gado ou para o plantio de soja. Se esse quadro não for revertido, futuramente pode ocasionar o fechamento de empresas que consomem essa matéria-prima.”